Pátio - Tópico Oficial

Berwald apenas olhou uma última vez para os dois e resolveu continuar seu caminho. Precisava ver o resto da equipe.

Antes, olhou para a bielorrussa e disse:

— Preciso que dê um jeito de me avisar se precisar.

Depois voltou a andar apressando um pouco os passos. Resolveu que ficaria de olho no gentleman inglês. Antes disso, precisava ver as fichas. E rápido.

Deixou o pátio sem muita demora.

Uma veia saltou na testa do inglês. Estava sendo ignorado? Deu dois passos para frente, colocando as mãos ao lado da boca para fazer sua voz soar mais alta.

─ Sabia que ia fugir! Medroso!

Levou uma das mãos a pálpebra inferior do olho, puxando-a e fazendo língua. Um frouxo! Nunca chegaria ao posto de capitão assim. Voltou a face na direção da bielorussa, estreiando os olhos, fazendo uma espécie de bico. Agora não poderia mexer com ela.. Era contra seus princípios. Cruzou os braços. Que tédio!

Aleksander assistira ao episódio com certa distância e preferiu também não mexer com nenhum dos dois. Era melhor esperar a hora do tratamento e apreciou a careta feita pelo inglês.

Uniu-se ao médico que deixava o pátio, já que já o conhecia. Apenas o seguiu, dando mais uma olhada em todos que estavam por ali. Tudo parecia normal, na medida do possível.

— Ei, Berwald! — acenou, sustentando um sorriso de canto nos lábios. — Você poderia apenas me esperar, não?

Observou tudo aquilo quieta, mesmo que estivesse extremamente irritada. Já não bastava ter sido assediada, agora também tinha que chamar a atenção de um dos médicos. Só o que queria era devolver o objeto que encontrara, e mais nada. Pelo visto, havia pessoas problemáticas por lá, e aquele Arthur era uma delas.

Suspirou, concordando com o que o mais alto dissera, ignorando o outro quando este foi embora. Respeitaria, ele devia ter trabalho a fazer. Também segurou a vontade de criticar o inglês pelas coisas que fizera, mas não importava-se mais. Agora sabia que ele não iria mais mexer com ela.

Mesmo que sempre lhe dissessem para pedir desculpas quando coisas do tipo acontecessem, não iria fazê-lo, não com ele. A culpa sequer era dela. Mas tudo bem.

─ Não vai mais mexer comigo, vai? ─ perguntou, em um tom baixo e levemente encabulado, mas não iria admitir aquilo.

Apoiou as mãos na cintura, arqueando uma das sobrancelhas ao ver um outro homem loiro se juntar ao outro loiro. Era uma corja, era isso? Todos querendo ficar contra si? Era um motim! Não poderia confiar em ninguém, como dissera alguém que não sabia quem. Mas era uma voz de mulher que Arthur obedecia. Bufou, dando um pequeno passo para frente, mas a voz da garota se fez presente. Voltou-se para trás, tombando a face ligeiramente para lado.

─ Eu não mexi com você. Só estava conversando! ─ torceu o nariz. ─ Você quem não sabe apreciar uma boa companhia, hnf. Mas, é, não vou fazer nada. Aquele grandão te acompanha, não roubo acompanhantes dos outros! ─ E a encarou, desconfiado, dando dois passos para trás. ─ Acho que você também faz parte do bando....

Ao ouvir seu nome, o sueco parou e virou-se, logo avistando Aleksander. Como se não quisesse causar desgosto ao dinamarquês, a si mesmo e às pessoas do hospital, parou e esperou.

Em resposta, apenas assentiu com a cabeça e esperou que se aproximassem.

Após ler o documento com informações sobre seu irmão, quando finalmente confirmara que ele estava realmente por ali, em algum lugar, decidiu começar sua procura. Chegou ao pátio do hospital e ficou observando, analisando cada pessoa presente ali... resolveu perguntar ao mais próximo pelo irmão, mesmo porque as características deste são bastantes raras, únicas... não haveria muito erro.
Se aproxima do inglês por tras, cautelosamente

- Olá. Você por um acaso viu algum albino por aqui?

Oh my God! Estava cercado por inimigos por todos os lados? Deu um pulo com a voz do alemão, seria ele um espião? Nem tinha sentido ele se aproximar. Moveu-se automaticamente, dando alguns passos para trás para que tanto ele quanto a bielorrussa ficassem dentro do campo de visão. Engoliu a seco, encarando o alemão. Um albino? Não conhecia nenhum albino... Ou será que ele falava de um daqueles duendes? Não devia ser.

- Não, não vi. Mas sou mestre em achar objetos perdidos! - Bateu no próprio tórax, orgulhoso! - Por uma boa quantia, posso ajudá-lo.

Estranhou a reação dele. É, aquele realmente não devia dispor de boas faculdades mentais. Encarou o inglês com uma expressão fechada, irritada. Não era possível, o outro devia estar achando que ele estava brincando.

- Não vou te pagar nada, só me responda se viu ou não meu irmão !! Ele tem cabelos brancos e olhos vermelhos, é inconfundível. Agora diga, realmente não o viu?

Olhou para o lado, tentando entender com o que ele tanto se preocupava. Ahh, era apenas uma mulher autista. O que ele devia estar pensando? Que ela estaria mancomunando contra ele ?

- Oras! Não seja mesquinho. Se eu falhar, não precisa pagar nada - cruzou os braços, franzindo as sobrancelhas espessas, ganhando uma feição séria e irritadiça. Acabou balançando os ombros e elevando as mãos em uma postura convencida, altiva, fechando os olhos com descaso. - Não vi ninguém assim. Posso perguntar para a Pixy... Quando encontrá-la.

Voltou a abrir os olhos, percorrendo-os pelo local. Uma vozinha chata teimava em falar para tomar cuidado... Oras! Era o dono de tudo aquilo ali (na mente dele), não correria perigo. Era um grande pirata, afinal... Rei dos sete mares e cinco continentes! Eles realmente deveriam ser alienados para não conhecê-lo. Fechou os olhos mais uma vez, soltando um riso de puro convencimento:

- Heh.

Bem - pensou - apesar de ser completamente louco, talvez ele fosse útil, já que diz ser tão bom em encontrar coisas. - Resolveu ignorar a sua arrogância, que provavelmente era um dos sintomas do seu problema mental.

- Tudo bem... mas quem é Pixy? Esta pessoa poderia saber de Gilbert? Onde ela está? É uma das médicas, enfermeiras?

Parou, percebendo que ele não estava prestando muita atenção. No que estaria pensando? Pela postura, devia ser algo realmente fora da realidade... afinal quem era ele? Devia ser inglês, pela sua feição... e pelas sombrancelhas, também. Mas..... Arthur Kirkland? .... justo ele... - e aquelas memórias , das vezes que havia perdido humilhantemente para ele... sendo que era mais forte, devia te-los vencido ! Mas ali, daquela forma, ele parecia simplesmente tão... perturbado. Será que não se lembrava dele? Decidiu que não o deixaria saber quem ele era, afinal. "Arthur... foi para isso que eu perdi aquela vez? "

- Ótimo, que seja. Vamos, então comece a procura-lo.

- Pixy? Uma fada, oras.

Respondeu como se fosse óbvio - e para Arthur realmente era. Resmungou algo como "não me dê ordens!", mas ao mesmo tempo saiu a caminhar de volta para os arbustos, achando um pedaço de madeira caído no chão. Agachou-se, segurando-o e começando a balançar como se empunhasse uma espada, afastando algumas plantas para aprofundar-se na "floresta"... que não passava de um punhado de árvores do complexo institucional. Não sabia quem Ludwig era, não se lembrava, apesar de uma ligeira impressão de que já o conhecia...

Prestando atenção nas atitudes do inglês, quase desejou rir. Mein Gott, ele estava realmente maluco ! No que devia estar pensando? Que era novamente o pirata desbravados que fôra a séculos atras? Bem, ao menos ele não o reconhecera. Melhor assim. Resolveu segui-lo para ver o que ele faria. Seria prudente deixar aquela "busca" em suas mãos? E essa história de fadas, e outros seres... tudo bem que isso já era típico dele desde a época em que eles lutaram um contra o outro.

- Ei, espere. Não acho que meu irmão esteja por ai, afinal. Ele deve estar em um dos quartos, porque não procura por lá?

Pensou por um instante, que, demente como ele estava, não seria difícil se "vingar"... mas resolveu abandonar essa ideia, tinha coisas mais importantes com o que se preocupar.

Logo viu que chegava mais alguém para perto de onde estava, cruzou os braços. "Ah, não", pensou, batendo a mão contra a testa de forma que não a machucasse e arrumando a franja que caía sobre seus olhos, ajeitando também o laço azul marinho discretamente.
Observou aquilo quieta, sentindo os olhares sobre si. Estava começando a ficar nervosa outra vez, mas tentaria não bater em ninguém para evitar algo semelhante ao ocorrido.

"Por que eu chego aqui e já encontro problemas?", ela pensou, outra vez, desviando o olhar sem perceber.

- Por que não vai você?

Disse de modo arrogante e cortante, quem ele achava que era? Sabia bem o que fazia. Levantou o olhar, virando-se de frente para o alemão, os olhos cintilando como se tivesse um lampejo de consciência, indagando:

- Não já te vi antes?

Inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, mas logo riu-se, tomando o caminho contrário ao de outrora - dessa vez rumo aos dormitórios. Apesar do que falara, iria aceitar o "conselho". Não faria mal ser gentil um pouco, mesmo que ele fosse um homem quais padrões físicos não o agradavam.

Olhava agora com um verdadeiro desprezo irônico para o inglês.Mas ao mesmo tempo, gostaria de saber o que realmente havia acontecido com ele, para que ficasse daquela forma. Não que ele já fosse muito normal na época em que bateram de frente, mas mesmo assim... para ele ter mudado daquele jeito, algo realmente sério deve ter acontecido.

- Acredito que não. Provavelmente já nos vimos em algum canto desse hospital, eu imagino. - falava em um tom indiferente, tentando desviar o olhar do dele. Realmente não queria que ele se lembrasse... - Vamos, eu vou com você, Arthur...

Foi seguindo-o por tras, o observando bem atentamente. Espere... ele havia dito seu nome? Tomara que não tenha percebido.

Ouviu seu nome. Tinha certeza.
E não era uma daquelas vozes conhecidas que sempre falavam consigo... Não, com certeza não. Reconhecia-as de longe. Era a voz de Ludwig.
Imediatamente, Arthur parou no mesmo lugar, antes de completar mais um passo. Prendeu a respiração e uma gota de suor frio escorreu pela lateral da face. As vozes alertavam-no: um inimigo. Uma luz vermelha acendeu-se na mente do britânico, sinal de perigo. Soltou o ar de modo lento e silencioso, como se para não atrair a atenção de seu algoz... Mas já tinha enfrentado coisas piores! Cerrando brevemente os punhos, virou-se maquinalmente de frente para o germânico, suas feições impassíveis. Não demonstravam raiva, medo, surpresa; nada, absolutamente nada. Apenas o observava - apenas isso.

- Você é um deles.

Constatou, com um estranho sorriso surgindo em seus lábios que agora se recurvavam levemente nos cantos. Os olhos também brilhavam de modo diferente do habitual, como se imersos na loucura, parecendo estranhamente sádico, pressionando com força a madeira que tinha em mãos, ignorando caso alguma lasca perfurasse-lhe a pele. Não importava, porque... Aquela ameaça, ao menos aquela... sabia ser real!

A reação repentina do inglês o surpreendeu. Parou de andar também, não acreditando que realmente havia deixado escapar o nome do outro ! Tsc, não queria arrumar nenhuma confusão, aquilo póderia ser bastante prejudicial, até mesmo poderia dificultar ainda mais sua procura pelo irmão. Resolveu tentar trata-lo de forma natural, para que ele não começasse a imaginar coisas, nem se sentir ameaçado, mas aquilo seria difícil... afinal, não haviam sido derrotas fáceis.

- Arthur, finalmente se lembrou... meu antigo inimigo, hm... um deles, do que está falando? Acha que existe alguém te perseguindo aqui? Não pense que essa é a minha intenção. Estou apenas procurando meu irmão, para podermos sair daqui.

Ficou bem alerta para o galho que ele carregava. Não porque tinha medo dele, mesmo com aquela "arma", havia uma grande diferença de força física. Mas porque um simples ato de agressão poderia causar uma comoção, e era isso que realmente precisava evitar.

- Não precisa me ajudar se não quiser... mas não tente me prejudicar... - embora quisesse ter evitado, falou em um tom de voz bastante ameaçador, como era de seu costume.

Soltou um risinho afetado, cínico, erguendo o pedaço de madeira e batendo na mão livre de modo ameaçador. Ludwig poderia ter mais músculos e tudo mais, Arthur parecia fraco de primeira instância, mas... já tinha apanhado tanto dos irmãos! Ninguém era mais forte que Patrick. E depois de Patrick, Casey. Depois dele, os irlandeses... Só após sua família que poderia vir alguém.

- Não sei do que está falando... Quem é você, afinal? - tombou a cabeça para o lado automaticamente, a voz fria. - Não importa... Não vai me enganar. Estou ouvindo bem! Essas vozes, gritando, gritando.... Podem parar, eu já sei que é meu inimigo, hahah...!

Riu insano, levantando a cabeça e jogando o corpo ligeiramente para trás. Era forte, tinha resistência, habilidade...! Ninguém - NINGUÉM - chegaria perto de si sem permissão. Parou de andar, sentindo a lateral do pé encostar em uma pedra. Parou de súbito, vendo o objeto, abaixando a cabeça de modo mecânico. Neutro - mas apenas por um instante. Em um movimento repentino, mirou e arremessou o que tinha em mãos na direção da cabeça do alemão. Mesmo de mãos nuas, ganharia dele. Não ia se assustar por aquilo, era pouco. Apesar de todas as ameaças... Qualquer barreira imposta pelos sentidos já tinha se dispersado.

Colocou-se a rir arrogante e sadicamente ao ver que acertara o maior. E assim foi até a aproximação do menor, o qual julgou ser uma peça rara... Mas ele também protegeria seus inimigos? Estreitou os olhos, sem deixar de sorrir; pareceria até mesmo inocente se não fosse o brilho nos orbes esverdeados bem diferente de uma esmeralda: era uma iluminação turva, como se uma sombra se sobreposse a eles.

- Claro - Respondeu sem titubear, inclinando a face ligeiramente para o lado. - Ele é meu inimigo. Falaram-me isto... Ele é uma ameaça, doutor.

Disse ao chinês, respondendo a pergunta do que acabara de chegar, voltando a face para ele. Analisou impassivelmente o italiano de cima a baixo, como se ponderando se ele também era um "deles" ou não.

Com a chegada do médico ao local, soube que o inglês teria de aceitar sair dali a menos que quisesse ser tirado à força. Apesar de não demonstrar, começara a prestar atenção no momento em que o pedaço de madeira nas mãos do inglês fora jogado contra o germânico que chegara pouco tempo antes.

O psicoterapeuta fez sinal para que ela se afastasse, e como também não queria se estressar mais com aquele ser, fez o que lhe foi solicitado. Até porque poderia devolver e levar a culpa por algo que ele havia começado, então melhor não hesitar. Até que um outro moreno - de aparência deveras inocente - chegou até ali, provavelmente assustado.

- Há pessoas que não conseguem se comportar direito, e isso resulta em coisas desse tipo - respondeu ela, baixo, ao italiano.

Sentiu-se irritada também com a resposta que o loiro dera ao médico, e não era a única, pelo visto. Ele estava começando a ver todos que passavam por ali como inimigos? Não seria bom se ele continuasse daquele jeito, mas não importava.

Sentia a cabeça latejar com a pedrada, realmente, se não tivesse tanta gente ali, provavelmente reagiria à agressão do inglês, mas respirou fundo e se acalmou. Não podia perder a compostura, principalmente perante aos médicos ali presentes. Não que tivesse medo deles, mas não queria mais dificuldades...

- Eu estou bem. Podem nos deixar a sós, ele não fará mais nada. - disse de modo indiferente, como se não tivesse acontecendo nada.

Depois, reparou na chegada de uma pessoa pequena, olhou rapidamente para ver quem era. Tsc, mais um intrometido. Pelo detalhe do cabelo, um italiano, aqueles que nunca havia conseguido entender. Alias, gostaria de saber como e onde estava aquele seu "aliado"... depois que o conflito havia terminado, não teve mais contato com ele. Mas logo voltou sua atenção para o problema que devia resolver rapidamente, também sua cabeça não parava de doer. Maldito inglês.